segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Anticardiolipina

A cardiolipina é um fosfolipídio aniônico. A maioria dos anticorpos anticardiolipina (ACA) reage cruzadamente com outros fosfolipídios. Por essa característica e por sua maior facilidade de detecção, são utilizados na investigação da presença de anticorpos antifosfolipídios.

Assim como os anticorpos anticardiolipina, os anticoagulantes lúpicos (ACL) são também anticorpos antifosfolipídios. Interferem nos procedimentos de screening de coagulação, sendo uma causa comum de prolongamento do tempo de tromboplastina parcial ativado (PTT).

Existem algumas características clínicas comuns aos pacientes com a síndrome de antifosfolipídio (AFL): trombose venosa, trombose arterial, abortos recorrentes e trombocitopenia. Esses anticorpos são, hoje, reconhecidos como uma das causas mais importantes de hipercoagulabilidade e trombose.

Aproximadamente 50% dos pacientes apresentam a síndrome AFL primária, isto é, não-associada a doenças sistêmicas, enquanto o restante apresenta a forma secundária.

A trombose é a apresentação mais comum da síndrome de AFL, e o local da trombose (arterial ou venosa) pode definir síndromes com diferentes características clínicas e laboratoriais: anticardiolipina (AFL-ACA) -positivo e anticoagulante lúpico (AFL-ACL) -positivo.

A prevalência, a etiologia e a conduta dessas síndromes, relacionadas porém distintas, são diferentes. A apresentação AFL-ACA é mais comum do que a AFL-ACL. A relação de prevalência é de 5 para 1. Ambas estão associadas a tromboses, abortos e trombocitopenia.

A AFL-ACA está associada a trombose arterial e venosa, inclusive com quadros de trombose venosa profunda e embolia pulmonar, doenças coronariana e cerebrovascular prematuras. Em contrapartida, a síndrome AFL-ACL é associada mais freqüentemente a trombose venosa, que envolve os quadros de trombose venosa periférica, mesentérica, renal, hepática, sistema porta e veia cava. A trombose arterial raramente acontece na síndrome AFL-ACL. A atividade dos ACA em níveis elevados, na presença de ACL, é um fator de risco importante para trombose arterial.

Os abortos normalmente acontecem no terceiro trimestre da gravidez e são associados a trombose da placenta. Embora as mulheres com abortos espontâneos periódicos no primeiro trimestre possam ter AFL, outras causas de perda fetal no primeiro trimestre são mais comuns.

A contagem de plaquetas pode ser normal ou ligeiramente baixa. Aproximadamente 30% dos pacientes têm contagem de plaquetas abaixo de 100.000/mL durante o curso da doença. Paradoxalmente, esses pacientes ainda apresentam risco para trombose. O tratamento é iniciado quando a contagem de plaquetas encontra-se abaixo de 50.000/mL (especialmente quando abaixo de 35.000/mL), por causa do risco aumentado de sangramento.

Os anticorpos anticardiolipina são medidos por testes imunoenzimáticos. A utilização combinada da pesquisa desses anticorpos com o anticoagulante lúpico (ACL) melhora a sensibilidade para a descoberta de anticorpos antifosfolipídio. Aproximadamente 60% dos pacientes são positivos tanto para ACL quanto para ACA, e 40% são positivos somente para ACA ou ACL.

Podem ser encontrados associados a doenças como lúpus eritematoso sistêmico (LES), outras doenças do tecido conjuntivo, infecção pelo HIV e por outros microrganismos, neoplasias e o quadro induzido por droga. São encontrados em um pequena parcela da população sadia.

No LES, a presença do anticorpo anticoagulante lúpico ocorre em cerca de 70% dos casos . Na pesquisa de sífilis, pode levar a uma reação de VDRL falsamente positiva.

O diagnóstico de síndrome antifosfolipídio exige a constatação da presença de uma das características clínicas citadas e um teste positivo. Os testes podem ser o do anticoagulante lúpico, os de anticorpos anticardiolipina ou ambos.

Fonte: Diagnósticos da América

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